Carregosa
Carregosa é uma freguesia que faz fronteira com o Município de Vale de Cambra.
O povoamento de Carregosa remonta aos tempos pré-históricos. A existência de uma mamoa referida nas Inquirições de D. Afonso III, prova o povoamento desta terra pelos Celtas. Por aqui terão passado também os romanos, como testemunham os topónimos “villa de Zagães” e vários “casalia” que aquelas Inquisições também documentam.
O topónimo Teamonde, que o alemão Joseph Piel inclui nos nomes germanos da toponímia portuguesa, vem comprovar a fixação nesta região dos povos bárbaros que invadiram a Península Ibérica, após a queda do Império Romano do Ocidente, em 476.
O documento escrito mais antigo sobre Carregosa é anterior à fundação da Nacionalidade portuguesa e trata-se de uma escritura de doação referida ao livro Preto da Sé de Coimbra e transladada por Alexandre Herculano no Portugaliae Monumenta Histórica. Nesse documento, datado de 922, o rei Ordonho doa ao Bispo Gonçalo e ao Mosteiro de Crestuma bens no lugar de Teamonde.
Administrativamente, Carregosa foi do termo da Feira, comarca de Esgueira e depois comarca da Feira. Actualmente, pertence ao Município e comarca de Oliveira de Azeméis, tendo sido elevada a vila em 13 de Julho de 1990.
Esta vila, plantada num ameno e fértil vale regado pelo rio Antuã, mantém ainda um vasto património edificado e cultural. Aqui abundam as capelas, os cruzeiros e as quintas. As Capelas de Nossa Senhora da Ribeira, de Nossa Senhora da Guia, de Azagães e de Santo António; as Quintas de Santo António, do Padre Aguiar, da Costeira e da Póvoa e a Casa de Ínsua; os Cruzeiros de Teamonde, de Azagães e da Igreja.
Mas o que distingue e credencia esta freguesia é, sem dúvida, o seu original Santuário de Nossa Senhora de Lourdes, situado no Parque da Quinta da Costeira, o primeiro consagrado a Nossa Senhora de Lourdes, em Portugal.
Obra da autoria do Bispo-Conde de Coimbra, D. Manuel Correia de Bastos Pina e de seu irmão, o conselheiro António Maria Correia Bastos Pina, foi inaugurado em Agosto de 1902, tendo os trabalhos de construção sido iniciados em Março de 1898. Com a preocupação de sugestionar longinquamente o santuário pirenaico, esta é uma obra imaginosa e agradável, bem enquadrada no seu meio.
A Casa de Ínsua, actualmente casa de campo, merece uma especial referência, dado que é a única unidade de Turismo no Espaço Rural do Município de Oliveira de Azeméis. Esta casa, construída nos princípios do século XVIII teve ampliações posteriores.
A Quinta da Póvoa, outra referência histórica e patrimonial desta freguesia, conserva ainda o antigo carácter do portão da Quinta, de meados do século XVIII, sendo este uma obra rara na zona.
A. Costa, no seu Dicionário Corográfico, refere, de facto, que aqui existiu "uma excelente fábrica de papel, com motor hidráulico, no lugar da Póvoa". E esclarece que esta fábrica, fundada em 1858, pertencia ao Morgado da Póvoa, produzia anualmente "3 contos de réis de papel", e que obtivera uma menção honrosa na Exposição Industrial Portuense de 1861.
A indústria da região baseia-se na metalurgia e é de salientar que nesta terra nasceu a arte de latoaria, que veio mais tarde a expandir-se para Vale de Cambra, Município limítrofe, e Cesar, freguesia vizinha.
Fajoes
Fajões é uma pequena e pitoresca freguesia que oferece a todos os que a visitam paisagens deslumbrantes, consideradas das mais belas do Município.
O seu povoamento remonta aos tempos da Pré-História. São prova disso, as nove “fossetes” localizadas no monte denominado “Bailouro” e que, na opinião do Dr. Mendes Correia, tinham carácter sagrado e estariam em estreita conexão com a necrolatria pré histórica.
O achado de uma pedra de polir e de um machado “coup de poing”, no mesmo local, e as antas e mamoas hoje inexistentes mas referenciadas em documentos medievais, fazem remontar o povoamento de Fajões aos tempos neolíticos.
Remontam ao tempo dos celtas, atestando a passagem dos romanos por aqui, os topónimos Casal Marinho, Cabo da Aldeia, Quintã e "Villa Fagiones".
O documento escrito mais antigo que se conhece sobre esta freguesia é do ano de 1068, tratando-se de uma doação que o presbítero Auderigus faz a seu sobrinho e pupilo “Vermudo”, presbítero dos bens de raíz da “villa Fagiones” e de sua “ecclesia”, igreja já nessa época de invocação de S. Martinho.
Um dos lugares mais antigos de Fajões é o de S. Mamede, terra honrada onde nasce o rio Ul. Mercê do seu encantador panorama, o Monte de S. Marcos, com a sua capela, enfeitiça os visitantes. Daí avistam-se algumas povoações que, a crer nas palavras dos locais, são "as sete cidades". Nesta capela, situada no monte com o mesmo nome, festeja-se a Festa em honra de S. Marcos (25 de Abril).
Pinho Leal, na obra "Portugal Antigo e Moderno", diz o seguinte: "Quem tem filhos travêssos que os leve alli no dia da festa, se os quizer mansos. Isto diz o povo, e eu tambem digo que, se os rapazes forem por seu pé, quando chegarem á capella hão-de por força ir mansos para duas ou tres horas".
Após descer a encosta, consegue avistar-se o velho e algo degradado Aqueduto de S. Mamede, outrora destinado à água de regas da povoação. Merecem destaque também a Capela do Couto, que tem uma inscrição sobre a verga da porta, que diz que a capela foi fundada por um familiar do "Santo Ofício", no ano 1747; a Ermida de Nossa Senhora da Ribeira e a Quinta da Vermiosa
Macieira de Sarnes
Macieira de Sarnes é uma freguesia encostada ao Município de S. João da Madeira. Esta terra tem também a sua história e, inclusivamente a sua Pré-história. Achados de pedra polida, sepulturas visigóticas, os topónimos romanos e pré-romanos, são disso exemplo.
Foi curato da freguesia de Cesar, pertencendo o padroado eclesiástico à família Cernache, senhora do vínculo da Quinta de Macieira de Sarnes. Após o falecimento, em 1632, do padre António de Castro, os representantes da Casa fizeram a apresentação do novo pároco. Surgiu a contestação dos senhores da casa da Torre de Cesar, dando-se, porém, sentença final a reconhecer o padroado dos primeiros, que o mantiveram até aos últimos tempos.
Segundo Pinho Leal, Macieira de Sarnes teve início numa capela de Santa Eulália, situada no lugar das Terças, a qual se mudou para a actual localização assim que foi elevada a freguesia. Houve aqui, segundo a tradição, um pequeno mosteiro de freiras beneditinas, que foi suprimido no século XVI, passando as religiosas para o Mosteiro da Avé-Maria, do Porto. Aqui destacam-se as casas do Touto, de Resende e do Passadiço, a Quinta do Conde Campobelo (do século XVII), a Capela de Santa Eulália e o Cruzeiro, datado de 1883 e com restauro de 1952.
O artesanato tradicional desta freguesia é a tecelagem e a escultura em raízes de árvores.
Madaíl
Madail é a freguesia mais pequena do Município de Oliveira de Azeméis, mas nem por isso menos interessante em termos de oferta turística. Situa-se na vertente oriental do monte medievalmente denominado Castro Recarei, até ao rio Ul, ao passo que a antiga Igreja Matriz se estende na planura do lado oposto. Madail é um curioso topónimo de origem germânica.
O documento escrito mais antigo sobre Madail relaciona-se com uma igreja e trata de uma tributação do seu Bispo Jurisdicional D. Martinho Pires, imediato sucessor de D. Fernando Martins, pagando este povoado à Sé do Porto direitos a mais para a sustentação do Bispo e do seu cabido, e no reinado de D. Dinis surge a contribuição suplementar com o nome de “Taxação Eclesiástica” para subsidiar a guerra contra os mouros.
Foi aqui, na chamada "Casa do Manica", no lugar do Meio, que os Hospitalários montaram um dos seus primeiros hospícios regionais destinados a acolher os peregrinos pobres que se dirigiam a lugares santos.
A criação deste hospício ficou a dever-se a uma disposição testamentária de Mem Peres Cativo e de sua irmã Alda Peres, que deixaram o que aqui possuíam à Ordem dos Hospitalários, da qual passou para a Comenda de Rio Meão, que a perdeu para a Comenda de Avanca, pertencente à Ordem de Cristo.
Sabe-se também que D. Sancho I recompensou Martinho de Aragão pelos serviços prestados na reconquista, com património vincular desta freguesia, doando a leira reguenga e o hospital.
Madail pertenceu ao foral da Comarca da Feira e ao Município da Bemposta, tendo beneficiado do novo foral, por alvará de D. Manuel I, em 10 de Fevereiro de 1514. A sua pertença do Município de Oliveira de Azeméis data de 24 de Setembro de 1855.
A actual Igreja Paroquial foi erguida de 1940 a 1942, após o desmoronamento da sua antecessora, no ano de 1938. A anterior igreja situava-se levemente mais abaixo, do outro lado da estrada. Era um edifício pequeno e modesto, com torre à esquerda, setecentista, de vãos rectangulares.
A ruralidade desta freguesia não ofusca o importante património que aqui se pode encontrar. A Casa, a Ponte e o Moínho do Manica, a par da Casa das Cambeiras, da Quinta das Camélias, os Moínhos do Ruivo, da Eira e do Ginete surpreendem e as fontes, as alminhas e os cruzeiros da Residência e do Souto são verdadeiros pontos de interesse turístico e cultural.
Palmaz
Palmaz encontra-se escondida entre as montanhas, a Sudeste do Município, destacando se as suas belas paisagens naturais.
Nos finais do século XI e inícios do XII, o opulento João Gosendes e sua mulher D. Ximena Forjaz, senhores de largos bens do Centro do País, também os tinham aqui, uns por compra outros por herança, como a de Sisil, irmã de Ximena.
No final de 1110, o casal fez largas doações à Sé de Coimbra, com reserva do usufruto, sendo a de 25 de Dezembro tão solene que teve a presença do Conde D. Henrique e da raínha D. Teresa.
No documento de 1098 vem bem demarcado Palmaz, entre Branca e Tugilde, junto ao Monte Besteiro, ao rio Caima. Por motivo destas doações, na larga reivindicação executada por D. Miguel Salomão, de várias propriedades que andavam alheadas, incluiu-se no elenco “in Palmaz”.
Em 1135, Egas Moniz e a esposa Dórdia Pais trocaram com a Sé coninbricense a herdade que aqui haviam comprado por terras equivalentes em S. Maria de Cárquere.
Houve aqui fabrico de telha comum e de vasilhame de ir ao fogo, tendo existido inclusive fornos junto da igreja.
Outrora pertença do extinto Município da Bemposta, há quem lhe atribua a designação de "Princesa do Caima" pela importância que este rio representa para a freguesia desde tempos remotos.
O rio Caima dá, de facto, um especial encanto a esta terra, podendo ser visitados o Parque Turístico Bento Carqueja; a Ermida da Senhora da Mó; as Capelas de S. Gonçalo, de S. Luís, de S. João e da Nossa Senhora da Memória; as quintas de Casinhoto, dos Pamplonas e de Baixo.
Descendo da Igreja, no ponto mais estrangulado do rio Caima, encontra-se a ponte, crê-se que da época setecentista, que une abruptos declives. Esteve-lhe encostada, na margem direita e a montante, uma antiga fábrica de papel, ou engenho de papel, como se dizia na altura, de fabrico manual.
Entre outros valores arquitectónicos e arqueológicos são de referir também a Fábrica de Papel do Caima, os moínhos, as áreas protegidas da Mó e da Raposeira, sem esquecer o importante e típico núcleo rural de Vilarinho de S. Luís, terra agrícola cercada de vegetação, situado nos confins do município.
Oliveira de Azeméis
Oliveira de Azeméis é a sede do município.
Adormecida durante séculos na rotina da sua vida rústica, a velha ULVÁRIA tem uma história que remonta, pelo menos, a cerca de 3.000 a 2.000 anos a.C..
A remota ocupação humana é ainda hoje testemunhada por diversos achados arqueológicos encontrados, por exemplo, nos crastos de Ul e Ossela.
A importância de Oliveira de Azeméis deveu-se sempre ao facto de se situar no eixo de ligação entre Lisboa e Porto, desde a via militar romana que ligava Lisboa a Braga, de que é testemunho o Marco Miliário da Milha XII, descoberto em Ul, passando pela Estrada Real até à EN1 e IC2 dos nossos dias.
Do séc. VII ao X, é alcaria e arraial de moçarebes e berberes que aqui se fixaram e desmantelaram a vida institucional anterior, assim como topónimos da área, hábitos típicos e o próprio traje regional. O próprio topónimo Azeméis tem uma etimologia que apela não só para uma colónia de Almocreves, mas ainda para colonizadores árabes da família Azemede.
Do séc. X ao XV, Oliveira de Azeméis é palco de lutas renhidas entre árabes e chefes militares leoneses e portucalenses, incluindo colonos adstritos aos mosteiros de Pedroso, Grijó e Cucujães, aos quais se deve o repovoamento e fundação de algumas povoações, o aproveitamento dos cursos de água locais para a indústria de moagem e de irrigação das terras marginais e o desenvolvimento da já referida colónia de almocreves (Azemeles).
No período que vai do séc. XV ao XVIII, a história de Oliveira de Azeméis ficou marcada pela doação feita em 1518 pelo Papa Leão X à Ordem de Cristo de um importante quinhão que pertencia ao Conde da Feira, D. Diogo Pereira, transformando-a assim em Comenda Real daquela Ordem, concedida depois a notáveis Comendadores que contribuíram, em parte, para a sua ulterior emancipação municipal.
Só em 5 de Janeiro de 1799, foi elevada à categoria de Vila por D. Maria I e Sede do Concelho. Com a reforma administrativa de Mouzinho da Silveira, em 1856, Oliveira de Azeméis passou a ser o concelho que é hoje, mercê também da extinção do concelho da Bemposta, o qual se estendia por algumas freguesias que, desta forma, passaram para o município de Oliveira de Azeméis, como o caso de Pinheiro da Bemposta, Palmaz, Loureiro, Travanca, Macinhata da Seixa e Ul.
A 16 de Maio de 1984, é elevada à categoria de Cidade, mercê do seu notável progresso, densidade demográfica e categoria das suas estruturas urbanas.
Actualmente, Oliveira de Azeméis é um município fortemente industrializado, produzindo sobretudo calçado, metalurgia e metalomecânica (com especial destaque para os moldes para a indústria de plástico), plástico (com destaque para os componentes para a indústria automóvel), produtos agro-alimentares (com destaque para os lacticínios), vidro, descasque de arroz, colchões, confecções, cobres e loiças metálicas.
O município tem algum património edificado classificado: Cruzeiro do Pinheiro da Bemposta (Monumento Nacional); Pelourinho do Pinheiro da Bemposta, Ponte da Pica, Capela de Nossa Senhora da Ribeira e seus Retábulos e Esculturas, Estação da Malaposta do Curval, Casa dos Côrte-Real (ou Reis Vasconcelos), Igreja Matriz de Oliveira de Azeméis (Imóveis de Interesse Público); Ponte do Salgueiro (Imóvel de Valor Concelhio) e outro bastante interessante, de que se destacam as chamadas “Casas de Brasileiro”, principalmente em Oliveira de Azeméis, S. Martinho da Gândara e Cucujães, passando pelos Centros Históricos de Oliveira de Azeméis e de Pinheiro da Bemposta e pelas várias quintas e solares que se encontram um pouco por todo o município.
Pinheiro da Bemposta
Pinheiro da Bemposta é uma freguesia onde se respira história.
Segundo a tradição, a origem etimológica do seu nome provém de um grande pinheiro que existia junto à antiga estrada, no lugar da Areosa, debaixo do qual os passageiros descansavam.
O nome Bemposta provém da sua airosa e elevada posição, de onde se abarca larga panorâmica sobre a Ria de Aveiro, desde Ovar até à Serra da Boa Viagem ou ainda até ao mar.
Povoação de remota importância, aparece já referida num documento de 1109, em que um padre Rodrigo doou à Sé de Coimbra a quarta parte da vila rústica do Curval, situada entre a Branca e Alviães.
Em 1114, no lugar de Figueiredo, os Bispos do Porto e Coimbra reuniram-se para tentar uma reconciliação relativamente às fronteiras das suas dioceses. Contudo, o povoamento de Pinheiro da Bemposta, situa-se em épocas bem mais remotas.
Existem sólidos argumentos que defendem a existência, aqui, nas margens do rio Antuã, do histórico Mosteiro de Santa Marinha do Antuã, doado por Lucídio Vimaranes ao Mosteiro de Castromire.
Por outro lado, a existência dos topónimos “Paço”, “Alcance ou Alcouce”, e o facto de Figueiredo ter sido denominado ao longo dos tempos “Figueiredo de Rei”, levam a crer que, no tempo da ocupação sarracena, por aqui se fixou figura grada das hostes mouras.
O município da Bemposta, de fundação antiquíssima e ao qual o rei D. Manuel dera foral em 13 de Julho de 1514, foi extinto por decreto de 24 de Setembro de 1855. Foi "um dos mais importantes Municípios da comarca da Estremadura", como pode ler-se numa publicação de 1527, estendendo-se pela seguinte área: Pinheiro da Bemposta, Palmaz, Loureiro, Travanca, Macinhata da Seixa e Ul (do Município de Oliveira de Azeméis), Branca e Ribeira de Fráguas (Albergaria-a-Velha), Fermelã, Canelas, Salreu e Santiais (Estarreja) e Assequins (Águeda).
Volvidos vários séculos, não escasseiam aqui sinais da riqueza e grandeza outrora existentes.
O maior interesse do património construído está no Cruzeiro do Pinheiro da Bemposta, Monumento Nacional, datado de 1604, com restauros posteriores. Por trás dele existe uma interessante Casa de Brasileiro; à esquerda a Casa do Cruzeiro, do século XVIII. Na EN1, seguindo na direcção do Porto, encontra-se a setecentista Casa dos Arcos.
Já no lugar da Bemposta, antiga sede do extinto Município da Bemposta, existe ainda a Casa dos Paços do Município e Cadeia e o Pelourinho manuelino (Imóvel de Interesse Público, construído em meados do século XVI), contíguo à Casa de S. Gonçalo, com capela anexa. A seguir, à esquerda, outra Casa da família Côrte-Real e a Casa do Arco.
Merecem também uma especial referência a Fonte da Bemposta (recentemente recuperada); o Cruzeiro paroquial; a Igreja Matriz; a Capela de Nossa Senhora da Ribeira, incluíndo os seus retábulos e esculturas (Imóvel de Interesse Público); os núcleos rurais da Casa do Curval e de Figueiredo; as Quintas do Barral, do Calvário, do Passal e de Vera-Cruz.
A igreja matriz é uma espaçosa construção de finais do século XVII e princípios do século XVIII. Da invocação de S. Paio é um dos mais imponentes edifícios da região.
A Capela de Nossa Senhora da Ribeira constitui há séculos um templo de grande devoção. Foi erguida em 1611, num lugar solitário, romântico, quase paradisíaco.
Embora já com algumas alterações, o edifício da Malaposta do Curval, classificado como Imóvel de Interesse Público, constituiu uma das 32 estações de paragem das diligências que se dirigiam do Porto a Lisboa. Aqui também se trocavam as mulas, que recolhiam nestas instalações para alimentação e descanso.
Um dos outros ex-libris de Pinheiro da Bemposta é a sua centenária Sociedade Musical Harmonia Pinheirense, fundada com o título de "Sociedade Phylarmónica Harmonia Pinheirense", em 13 de Novembro de 1881.
Santiago de Riba-Ul
Santiago de Riba-Ul apresenta-se como uma terra industrializada e com uma história cultural muito antiga, de que é testemunho a banda de música mais antiga de Portugal, a Banda de Música de Santiago de Riba-Ul.
O nome desta freguesia tem por base o do seu orago e o da zona topográfica, que é a margem ou riba do rio Ul. De facto, já era assim designada num discutido documento datado de 922, embora em documentos posteriores a 1320, também se lhe atribua o nome de Vila Cova.
Diz-se ter havido em Vila Cova um convento. Pinho Leal pensa ser o Mosteiro de Santa Marinha: “É paróquia muito antiga e, segundo tradição, houve aqui um mosteiro de freiras bentas, que foi destruído pelos Mouros em 718. Não há vestígios dele. Diz-se que era na margem direita do rio Ul, que atravessa esta freguesia e lhe dá o nome.”
O seu padroado pertenceu ao Mosteiro de Cucujães, ao qual aparece ligada em 1139, na carta de couto do mosteiro, do qual passou, em meados do século XVI, metade para as freiras do Convento Avé Maria, do Porto, e outra metade para a comenda de S. Miguel, de Oliveira de Azeméis.
No reinado de D. Dinis, por bula dada em Avinhão, a 23 de Maio de 1320, pelo Papa João XXII, foi concedido a este rei por três anos, para subsídio de guerra contra os mouros, a décima parte das rendas eclesiásticas do reino, excepção feita às pertencentes à Ordem do Hospital.
Em posteriores documentos, continua a denominar-se Vila Cova d’Ul, devido provavelmente ao facto de ter a sua igreja no lugar de Vila Cova. A mudança do topónimo de Vila Cova para o de Santiago, sugerem que tomou este nome ao dar-se a mudança de assento da igreja para o local onde actualmente se localiza a Igreja Matriz.
A freguesia de Santiago de Riba-Ul conserva mansões senhoriais, do tipo palacete, como é o caso da Casa dos Rebelos. Esta situa-se um pouco abaixo da igreja matriz, datando possivelmente do início do século XIX, com brasão eclesiástico composto por um escudo romano com as armas dos Rebelos.
O lugar do Outeiro e a sua Capela atrai a atenção dos mais distraídos, assim como a Capela e o Largo do Senhor da Campa. O circuito continua com o núcleo da já referida Casa dos Rebelos e da Casa do Comandante; a Capela e a Casa das Garreiras; o Edifício da Associação dos Socorros Mútuos, instituição fundada em 1884; a Casa Agrícola das Cortinhas e o núcleo da Igreja Matriz.
As Alminhas dos Franceses, os núcleos rurais da Ponte do Salgueiro e da Quinta de Santiago, com uma grande casa e um espigueiro tradicional, completam a ronda por esta pequena aldeia. A Ponte do Salgueiro, sita no lugar do Salgueiro, classificada de Valor Concelhio é uma ponte medieval do século XIV, que corta o rio Ul, harmonizada por zona agrícola e campestre, valendo por isso uma visita obrigatória.
Ul
Ul, nome céltico, cuja origem parece apontar para o étimo "uria", ou seja, ribeiro. Ul é um topónimo que tanto designa a freguesia como o rio que a banha, pelo lado norte, e aqui se juntar ao Antuã, no sítio da Ponte de Dois Rios. Ul é também o nome mais pequeno das freguesias de Portugal.
A freguesia de Santa Maria de Ul já era do Município da Bemposta no ano de 1527. Pertenceu à comarca e ouvidoria da Feira e, nos meados do século XVIII, à comarca de Esgueira.
A sua história está marcada por um passado muito remoto, recuando aos tempos pré históricos, em que a presença humana por estas paragens está sobejamente documentada através de importantes achados arqueológicos, que atestam a presença de povos muito anteriores aos romanos.
Como já foi referido, alguns elementos apontam para que se situasse Talábriga, encantada cidade dos Pesures, nomeadamente o facto de terem aparecido aqui, junto ao castro de Ul e no leito da conhecida Via Romana (Lisboa-Braga) um marco miliário e um "Terminus Augustalis".
"Junto a esta aldeia é o sítio da Corredoura. Diz o povo da terra que se lhe deu este nome por ser aqui que os mouros faziam corridas de cavalos, torneios e outros jogos", diz Pinho Leal que descreve a freguesia nestes termos: "Passando o rio, mais abaixo, para oeste, se sobe o Monte das Almas da Moura, ao qual em antigos documentos se dá o nome de "Mamoinhas".
É atravessado pelos alicerces de um muro. Isto prova com evidência que esta terra era já habitada por um povo pré-histórico, que existiu muitos séculos antes da invasão dos fenícios e dos cartagineses, pois ainda se vêem aqui algumas mamoas pré-celtas; e foi a elas que o sítio deve o nome de Mamoinhas. Sobre um pequeno outeiro da aldeia do Avenal está uma casa, chamada o Paço, propriedade de um lavrador. Não tem vestígios alguns de remota antiguidade mas é de tradição que deve o nome a ter aqui havido um nobre paço, do senhor da freguesia".
São famosos nesta terra os moínhos de água, cuja existência vem de muito longe. Documentos do século XVIII já atestam a sua presença em terras de Ul. No início, moeu-se o milho, depois o trigo e, mais tarde, passou a descascar-se o arroz.
Para se avaliar o peso que a moagem artesanal chegou a ter, basta recordar que em 1951, e de acordo com um estudo do Padre Arede, era de 84 o número de moínhos em laboração, com um total de 327 “rodas”, o que dá uma média de 4 “rodas” por moínho, um número raramente atingido noutras regiões com características idênticas.
Para assegurar a força motriz destes moínhos foram construídos 38 açudes, ou seja, pequenas barragens de onde partiam as “levadas” de água que accionavam aquelas “rodas”.
Condições naturais únicas ditaram a Ul a primeira etapa da industrialização: os moínhos de Ul e as padarias tradicionais representaram o passo inicial para o desenvolvimento, em que as actividades dos moleiros e das padeiras, ambas de igual sobrenome, tiveram grande influência.
Mais tarde, outra actividade se iniciou com o aproveitamento dos moínhos de água – a do descasque do arroz que, progressivamente se foi modernizando, ganhando importância e primazia até aos nossos dias.
Actualmente, o sector da moagem, embora ultrapassado na predominância que outrora gozou, continua a manter em Ul uma grande dinâmica. E no que respeita ao descasque e embalagem do arroz, estão aqui implantadas as maiores indústrias nacionais do género, que produzem cerca de 60% da produção nacional.
Nesta freguesia merecem, pois, especial destaque os moínhos de água ao longo dos rios Antuã e Ul; o fabrico tradicional do Pão de Ul e da Regueifa de Ul; a Ponte da Salgueirinha; o Largo da Igreja e a Quinta, Casa e Capela de Adães, datadas do século XVII.
A Igreja Paroquial, ou de Santa Maria, sita na confluência dos rios Ul e Antuã e fronteira ao Castro, data de 1790. Este templo assenta sobre plataforma de um raro monumento romano ou romanizado, de onde foram exumados dois preciosos padrões: o marco miliário da milha XII e o Terminus Augustalis, o qual se encontra embutido na parede exterior da sacristia.
Esta igreja, sobretudo por este motivo, é um importante centro cultural a preservar.
Pindelo
Pindelo é também uma freguesia de remota existência, tendo como primeira referência escrita um documento com a data de 1134. Deve o seu nome à palavra latina "pinitellum", diminutivo de "pinitum" (pinhal).
A povoação terá crescido no sopé do monte do Pereiro, a cerca de 500 metros de altura, outrora designado de Monte Codal.
Nos tempos dos Visigodos, o território de Pindelo pertenceu à diocese do Porto, que aqui terminava, ao longo do curso do rio Antuã.
Depois das invasões muçulmanas, Pindelo terá sido reconquistado pelos presores galegos, antepassados de Ega Moniz, e doada, primeiro ao Mosteiro de Pedroso e depois ao de Paço de Sousa.
Antes ainda da primeira referência escrita a Pindelo surge, em 994, na documentação o nome de Pinhão, actual lugar da freguesia, cujas propriedades se estendiam por parte de Ossela. Nas Memórias de Paço de Sousa surge nova doação, em 1131, de Mónio Viegas, filho de Egas Moniz e de Dorotea Odoriz, da alguns bens ao mosteiro.
Até 1540, Pindelo pertenceu aos seus primitivos senhorios, passando depois para a posse das religiosas do mosteiro da Madre de Deus de Monchique, no Porto.
A própria paróquia da Santa Maria de Pindelo é de grande antiguidade. Nas Inquisições de D. Afonso III, em 1258, aparece citada, pela primeira vez, como paróquia de Santa Maria de Pydello. Contudo, o padroado passou por várias etapas e muitos proprietários.
Na anexação das rendas da mesa abacial de Paço de Sousa à Companhia de Jesus, destinadas à Universidade de Évora, ficou a esta Pindelo, e depois da supressão da mesma seguiu a sorte dos bens que lhe eram próprios.
Em Pindelo realizava-se uma importante Feira de Gado, no dia 23 de cada mês, no lugar de Pinhão, onde se venera o Bom Jesus da Agonia, típico santuário de remotas tradições.
Também aqui existiu uma das mais antigas fábricas de papel do distrito de Aveiro, quiçá uma das mais antigas do País. Laborava no lugar de Pombarinho e apresentava no "selo de água" uma pomba. É de realçar o facto de que actualmente se podem encontrar documentos na Torre do Tombo tendo como suporte papel saído desta fábrica.
No período entre 1783 e 1801, é sabido que o ofício de “sombreiro” ou chapeleiro teve grande importância económica em Pindelo. Houve também aqui uma mina de cobre, no lugar de Ladeira, concedida ao Visconde de Castro e Silva que chegou a ser explorada.
Em termos de património merecem destaque a Igreja velha e o casario circundante, assim como, a Capela de Pinhão, os moínhos e a Serra do Pereiro.
Sobre a construção da Capela de Pinhão existe uma lenda que diz que no alto do Monte do Pereiro, teria existido uma capela. Como contam os mais antigos, após a sua destruição, as pedras foram transportadas, às costas, pelo povo, para a construção da Capela do Bom Jesus da Agonia.
A vila de Cucujães é a segunda maior freguesia do Município de Oliveira de Azeméis, em termos de população.
Importante centro cultural e histórico, Cucujães, do latim "cucullianis", ou seja, elevação de terreno, montão, recorda o mosteiro beneditino ali fundado pelo guerreiro da reconquista, D. Egas Odoriz, nos finais do século XI, e coutado por D. Afonso Henriques, em 7 de Julho de 1139, na véspera da batalha de Ourique.
A história de Cucujães é uma autêntica jóia para os investigadores do passado.
Região fértil e de condições privilegiadas, esta freguesia atraiu desde cedo povos das mais remotas culturas, conforme testemunham diversos vestígios das épocas pré e proto-históricas, tais como, mós, uma ponta de lança de pedra polida, machados de pedra e de bronze, uma ponta de flecha de cobre, entre outros. Supõe-se que entre os habitantes primitivos estariam também os Turdulos ou Turdetanos que habitaram a região onde se poderá incluir Cucujães.
Mais tarde vieram os romanos e com eles o topónimo actual, que provém do canto do cuco (em latim “Cuculus”); e depois, os suevos, os visigodos e os árabes.
Em 7 de Julho de 1139, o couto de Cucujães, instituído por D. Afonso Henriques, foi doado ao Mosteiro Beneditino da mesma terra, nas vésperas da famosa Batalha de Campo de Ourique, nas pessoas de D. Martinho e de D. Egas Odoriz.
O autor de "Portugal Antigo e Moderno", Pinho Leal, refere que Cucujães era antigamente da comarca de Esgueira, termo da Feira, tendo passado para a Feira quando se criou esta comarca, e finalmente para Oliveira de Azeméis. Refere ainda que “(...) esta freguesia é no vasto território denominado, desde o tempo dos godos, Terras de Santa Maria ou Terra da Feira. Tinha os grandes privilégios dos outros moradores deste território, sendo um dos principais, nos tempos antigos, terem os cavaleiros para todos os efeitos, for de “infanções”; e os peões, foro de cavaleiros.”
Cucujães foi elevada a vila em 11 de Junho de 1927, sendo actualmente um importante pólo industrial e comercial.
Como monumentos e lugares dignos de visita oferece-nos, entre outros, o claustro do Mosteiro, com as suas colunas dóricas, do século XVII e campas epigrafadas de alguns frades ilustres; a sacristia da Igreja Matriz; a Ponte da Pica (Imóvel de Interesse Público), construída no século XIV, sobre o rio Ul, por onde passava a via romana que ligava Lisboa a Braga; as Capelas de Santa Luzia, Nossa Senhora da Conceição, Santo António; as Casas Solarengas do Buraco, da Gandarinha, do Visconde de Carregoso, Andersen, do Mato; as Quintas do Picoto, da D. Beatriz Brás, do Sol, do Barreiro, da Família Macedo, do Seminário, do Abade Arede; os Palacetes Alves dos Reis e Pinto Leite; o Miradouro do Alto de Rebordões, de onde se avista o mar; a Vila Brandão, o Asilo da Gandarinha e a Misericórdia, estruturas que albergam instituições e obras sociais importantes.
A nível do artesanato, são famosas as sacas de tiras da Vila de Cucujães. Estas são confeccionadas com tiras de feltro entrelaçadas numa forma de madeira, com a ajuda de um pica-pontas. São colocadas talas, ou seja, ripas de madeira com asas de arame, e remata-se com um apara de feltro. A matéria-prima é obtida numa fábrica de chapéus.
As ferramentas mais utilizadas são o pica-pontas, martelo, pregos, tesoura, agulhas e raspador para cortas as tiras.
Cesar
Cesar situa-se no extremo norte do Município e é uma povoação muito antiga. Assim o atestam documentos anteriores à Nacionalidade, mais concretamente de 1035, nos quais era designada por "Villa Cesari". Nesta data, terá acontecido aqui uma sangrenta batalha, opondo as hostes cristãs do rei de Leão e os mouros.
Nesta região viveu o homem em épocas muito remotas. Do período eneolítico, o homem deixou aqui pelo menos três dolmenes e, no período da cultura castreja, provavelmente povos pré-celtas ou celtas, construíram aqui muralhas, de que é testemunho o Castro Calbo, cuja existência é referida em documentos desde o século XI.
As Inquirições de D. Afonso III falam-nos também da freguesia de Cesar. Desses tempos medievais é a “honra de Cesar e Gaiate”, a qual continuou nos seus sucessores até Sebastião Lopes Godinho, que se intitulava, em documentos públicos “Senhor da honra de Cesar e Gaiate”.
Mais tarde, já no tempo de Sebastião de Carvalho e Melo, avô do Marquês de Pombal, a Quinta de Cesar e todos os vínculos foram vendidos aos senhores do Côvo.
Cesar pertenceu à comarca de Esgueira e da Vila da Feira, passando mais tarde para Oliveira de Azeméis, tendo sido elevada a vila em 13 de Julho de 1990.
Foi aqui, mais propriamente na Quinta do Outeiro, que nasceu, em 1788, o combatente liberal frei Simão de Vasconcelos, frade monástico do Mosteiro de Alcobaça, que participou activamente nas lutas contra os absolutistas, acabando por ser capturado e fuzilado em Viseu, em 1832.
No século XIX, foram muitos os homens de Cesar que emigraram para o Brasil. Já em 1851, um cesarense enviou do Pará uma oferta para a igreja e, em 1898, eram mais de cinquenta os cesarenses radicados no Brasil, sobretudo no Pará, onde até tinham fábricas.
Os frutos dessa emigração são ainda hoje visíveis nos casarões com as suas quintas e jardins que se podem ver espalhados pela freguesia: são as chamadas "Casas de Brasileiro".
Actualmente, Cesar é um centro industrial por excelência, predominando a indústria do alumínio, moldes e calçado.
Merecem uma visita atenta os três dolmenes e os restos de cerâmicas com características neolíticas; o núcleo urbano do Largo da Igreja; as Quintas do Outeiro, da Herdade e do Sr. Amorim; os núcleos rurais de Vilarinho e dos Arcos.
A actual igreja de Cesar, com duas torres e uma nave, foi construída no início do século XIX, à custa de um subsídio retirado do imposto do “real da água” da comarca da Feira, havendo inclusive um alvará régio concedido para esse efeito.
Quando este templo foi construído, a antiga igreja que se encontrava aproximadamente em frente à porta principal da actual, foi demolida. Este era um templo de pequenas dimensões, construído no século XVII. A primitiva igreja deveria ser das mais antigas da região e situava-se num lugar conhecido por “Lavouras de Baixo”.
A freguesia de Cesar é muito visitada nas suas Festas Grandes em honra de S. Pedro, do Mártir S. Sebastião e de Nossa Senhora da Graça, que se realizam no primeiro Domingo de Julho.
Cesar é uma pequena e pitoresca freguesia que oferece a todos os que a visitam paisagens deslumbrantes, consideradas das mais belas do Município.
Loureiro
Loureiro foi um simples curato de Avanca e como Avanca, por concessão pontifícia a D. Manuel I, foi transformada numa nova comenda da Ordem de Cristo, passou para o novo padroado.
Data de 993 a primeira referência histórica a Loureiro, através da venda de uma herdade "na villa de Loureiro, entre a villa de Tonce e Macieira, perto do Castro Recarei, em território portucalense".
Contudo, a existência jurídica da paróquia só está documentada a partir de 1220, o que não exclui a hipótese de ela ser muito mais antiga. Vem citada numa lista de terras e propriedades de Mosteiros e Ordens da diocese do Porto nas Terras de Santa Maria e diz: “in freegesia Loureiro habet Templum 1 Casal”, ou seja, “A Ordem dos Templários tem um casal na freguesia de Loureiro”.
Entretanto, no “Livro Preto de Grijó”, do século XIII, pode ler-se: “...na aldeia de Loureiro disseram as testemunhas que ouviram dizer a muitos homens novos e vedros (velhos) que a quarta dessa igreja de Loureiro é de El-Rei e que viram pousar Rei Dom Afonso”.
Este documento, para além de demonstrar a existência duma sujeição da terra ao poder regalengo, oferece-nos motivos de curiosidade histórica, pelo facto de nele se testemunhar a visita de D. Afonso III à freguesia de Loureiro.
Loureiro é uma freguesia de antigas tradições, das quais se destacam as feiras da Alumieira, na Páscoa. “Saltar o rego. Todas as Páscoas há encontro marcado em Alumieira, Loureiro, "P'ra ver os burros". Páscoa a Páscoa, ano após ano, à Segunda-feira de tarde o largo torna-se pequeno para tanta gente.
Desde que há memória, Saltar o rego constitui a parte profana, popular, no tempo sagrado da Páscoa. Provavelmente, uma herança dos árabes que por cá passaram entre os séculos VIII e X d.C. (...).
Várias vezes centenária, existe em Alumieira, Loureiro, uma prática tradicional provavelmente única no País. Saltar o rego é uma expressão bem conhecida, simbolizando as corridas de cavalos e burros realizadas nas segundas-feiras da Páscoa, junto ao Largo de Alumieira. Como é que surgiu?
Voltemos aos "Guardadores de memórias", os mais antigos do lugar, que transmitem o que sabem: “Já o meu avô ouvia do dele que na Segunda-feira da Páscoa havia uma grande feira no largo. Nessa feira vendia-se de tudo, desde animais domésticos a alfaias agrícolas.
A atravessar o largo da Alumieira existia um rego de água, que servia para o regadio dos campos. Antigamente na região eram criados e vendidos muitos cavalos e burros. Então os vendedores que apareciam na feira, para mostrar se os animais eram bons, galopavam e obrigavam os cavalos a saltar o rego de água.
Assim via-se se eles tinham força nas pernas. As pessoas gostavam de ver; aplaudiam e os compradores faziam as suas escolhas.” (...) Hoje, Saltar o rego é uma corrida de cavalos ou burros, com concorrentes, eliminatórias, finais e prémios. Corre-se pela vitória, já não se salta para mostrar e vender os equídeos.” (Joaquim Coelho)
As Almas Mouras e a área protegida do Antuã são locais que proporcionam momentos únicos e paradisíacos.
Visitados os moínhos da Minhoteira, a Capela de Nossa Senhora da Alumieira, é tempo de parar na grandiosa Quinta do Barão, uma área que alberga a sede de algumas colectividades de Loureiro.
No largo da Alumieira pode-se também observar o Monumento ao Emigrante, representado por um rapaz do povo, em tamanho natural, sentado, pensativo, em bronze, assinado por H. Moreira 1966, sobre base de granito; e ainda um busto de bronze do conselheiro Dr. Albino dos Reis, datado de 22 de Dezembro de 1968.
Macinhata da Seixa
Macinhata da Seixa é a segunda freguesia mais pequena do Município, tanto em área como em população, o que não a impede de ser uma freguesia rica em variadas iniciativas culturais e associativas.
O topónimo Macinhata parece derivar de "mansionata", ou seja, lugar de uma mansão ou pousada, dado que condiz com as condições naturais do habitat, perto do qual passava a já referida via militar romana, em cujo trajecto se construíram “mansiones”, ou seja, pousadas.
Outro facto que reforça a escolha deste topónimo tem a ver com a referência, nas Inquirições de D. Afonso III, da existência de “paredes”, como possíveis vestígios de ruínas de casas antigas e se chamar “Macinhata da Pousada”, em 1420.
Trata-se de uma terra antiquíssima, referida no primeiro foral das Terras de Santa Maria, existindo um documento que comprova a sua existência já em 1129. Este curioso documento trata de uma doação testamentária de vários bens patrimoniais dispersos pela região de Entre-Douro e Vouga, feita por Ausenda Honorigues ao Mosteiro de Pedroso, para obter dos frades daquele convento o benefício de missas por sua alma.
A paróquia de Macinhata já aparece formada no século XII e, embora não conste em documentos mais antigos, a sua fundação crê-se que é anterior a essa data, por então já ser referida com o nome de Santo André, seu orago, e por ser um “fundus” que estava na posse de presores que reorganizaram a vida comunitária da região.
O seu padroado pertenceu ainda ao Mosteiro de Pedroso e à Companhia de Jesus.
A sua igreja, datada de 1716, com uma bela talha, o solar do Alméu, de meados do século XVIII, a Quinta do Fundo do Lugar, as Alminhas e a Ponte do Senhor da Ponte, mandadas construir em 1746 por D. João V, o solar dos Soares de Pinho, o oratório de Nossa Senhora das Necessidades, de 1772, a Capela de Nossa Senhora do Socorro, de 1759, mas cuja origem se perde no tempo, e um conjunto de casas importantes para a história desta freguesia, são testemunho de uma antiga grandeza que marcou definitivamente a freguesia de Macinhata da Seixa.
O solar da Quinta do Alméu é considerado o melhor conjunto arquitectónico da freguesia, sendo composto por uma monumental vivenda, voltada para nascente, dentro duma quinta vedada, por alto muro a ladear o flanco sudeste da antiga estrada real, com ampla entrada, jardim, capela, albergaria, casas de lavoura e de caseiros.
A magnífica localização de Macinhata da Seixa, de meia encosta por entre o arvoredo, facilita a visão de belas paisagens. Esta aldeia, outrora conhecida como a aldeia das cerejeiras, delicia os visitantes que a percorrem de uma ponta à outra.
Em Maio, ao percorrer os vários lugares de Macinhata da Seixa facilmente nos apercebemos que a freguesia adquire uma nova vida. Muitos bonecos surpreendem quem passa pela estrada, ao virar da esquina, no telhado de uma casa, num muro, etc.
São os espantalhos do “Macinhata Espanta”, um evento que nasceu de uma ideia simples e que acabou por se transformar numa construção lógica da identidade macinhatense. Esta iniciativa original e espontânea da comunidade está intimamente relacionada com a tradição de, em tempos passados, Macinhata da Seixa ter sido uma freguesia produtora de cerejas em grande escala.
Nogueira do Cravo
Nogueira do Cravo tem como primeira referência escrita um documento datado de 1049, embora o primeiro povoamento remonte a épocas muito mais antigas, como o prova, por exemplo, a terminologia usada na partilha da água de regadio.
Como refere o abade João Domingos Arede "encontram-se aqui vestígios de dominação romana, cujo único relógio natural era o sol e que dividiam o dia em quatro partes, a que chamavam prima, terça, sexta e nona. No sol-posto e na meia-noite, encontram-se referências à cruz do dinheiro, indicativo de um povo cristão, que se supõe terem sido os godos."
Há referências a Nogueira do Cravo na avaliação dos rendimentos das igrejas e mosteiros do País, ordenado por D. Dinis na sequência da Bula dada em Avinhão, a 23 de Maio de 1320, pelo Papa João XXII pela qual lhe concedeu, por três anos, para subsídio de guerra contra os mouros, a décima parte das rendas eclesiásticas do Reino, com excepção dos pertencentes à Ordem do Hospital.
Surgem referências também nas Inquirições Afonsinas na defesa do seu prestígio e do património que via diminuído.
Por volta do século XV, tornou-se propriedade dos Coutinhos, Condes de Marialva, tendo assim iniciado o padroado laical desta freguesia.
Em 1876, a Estatística Paroquial indica que a paróquia é da apresentação dos Duques de Lafões, tendo este direito sido definitivamente extinto pela Lei da Separação de 1911, na sequência da Implantação da República.
Nogueira do Cravo pertenceu ao termo e condado da Feira até 1799, transitando depois para o Município de Oliveira de Azeméis.
De salientar que foi nesta localidade que nasceu o poeta Manuel Godinho, autor de "Luar entre as Palmeiras".
Relativamente ao seu património, Nogueira do Cravo conta com a Igreja Matriz, do século XVIII, as Capelas de Santo Antão e de Nossa Senhora dos Prazeres, os Arcos, a Fonte e os Moínhos do Vale de D. Pedro, as Casas de Martins Portugal e do Lima.
A Capela de Nossa Senhora dos Prazeres representa uma fundação do tipo morgadio capela, instituído pelo abade Miguel Valente. Trata-se de uma pequena preciosidade arquitectónica, pela raridade com que exemplares do mesmo tipo se encontram ainda nesta zona.
Em relação à economia da freguesia, Nogueira do Cravo teve outrora diversas actividades de grande impacto, nomeadamente os barros (jarros, panelas, pratos, copos e barros artísticos), que são referidos na lista dos jurados, fornecidas pelas Inquirições de 1288 às Terras de Santa Maria, onde figuram forneiros e barreiros em Nogueira do Cravo.
O desenvolvimento industrial desta vila terá sido fruto da exploração das Minas do Pintor, uma unidade industrial importante para a região e para o próprio Município, como já foi mencionado anteriormente.
Ossela
Ossela é conhecida no mundo inteiro pelo facto de ser a terra natal do imortal escritor Ferreira de Castro.
Há quem afirme que Ossela é uma das mais antigas freguesias de Portugal, sendo já paróquia no tempo dos godos. Mas de onde lhe veio exactamente o nome ainda não se sabe ao certo.
Pinho Leal, no seu "Portugal Antigo e Moderno" refere que "Há mesmo quem assevere que foi uma cidade, com o nome de Ossa, dado pelos gregos, seus fundadores. Sendo assim, tinha esta cidade sido fundada pelos anos 2700 do mundo, ou 1304 antes de Jesus Cristo, isto é, há 3180 anos!". Esta é uma das versões para o nome Ossela.
Outra versão associa o nome às grandes batalhas travadas em 150 a.C. entre lusitanos e romanos, de que resultaram muitos ossos, resultado da decomposição dos cadáveres.
O que parece mais verosímil é ter havido aqui, no ano 996, uma grande batalha entre cristãos, comandados pelo conde D. Forjaz Vermoiz e os mouros comandados por Almansor, rei de Cordova. Há, segundo a tradição, a opinião de que Ossela terá sido o berço natal de D. Martinho, prior de Soure e contemporâneo do nosso primeiro rei.
Também sobre o lugar de Vermoim não parece haver dúvidas que se ficou a dever a uma dura batalha, travada no reinado de D. Bernardo I, o gotoso, entre os Mouros, comandados por Almançor e os Cristãos comandados por D. Froilaz (ou Forjaz) Vermuiz, que deixou o seu nome ligado a esta localidade.
O padroado da igreja pertencia ao Mosteiro de Paço de Sousa. Afirma o cronista Meireles: “Ignoramos inteiramente quem doou o padroado desta Paroquia, mas na Bula de Gregório X.º datada do ano da Incarnação 1275, se confirma com outros padroados o desta igreja ao Mostr.º de Páso de Souza”.
O documento nº 17 das provas é uma composição entre o mosteiro e o bispo de Coimbra D. Egas Fafes, no ano de 1249, diferendo que havia começado com o bispo D. Tibúrcio.
Tendo sido as rendas da mesa abacial anexadas à Companhia de Jesus, Ossela aparece diversas vezes nessa desagradável questão.
Com o rio Caima a seus pés, que lhe dá um encanto especial, Ossela tem um passado de agricultura. Actualmente, já se encontram a laborar aqui unidades fabris de razoável dimensão.
Em torno de Ossela, foi criada uma lenda, segundo a qual houve, em tempos, num outeiro desta freguesia, um castelo, onde, no ano de 585, Santo Hermenegildo se terá santificado, na sequência da guerra contra os mouros. Verdade ou não, o certo é que não há vestígios de tal castelo.
Após a visita à Casa-Museu Ferreira de Castro e à Biblioteca do escritor de "A Selva", merecem destaque as Capelas do Mosteiro, do Senhor da Fonte, de S. Frutuoso, das Senhoras da Lapa e da Graça; os núcleos rurais de Bustelo do Caima e do Carvalhal e o núcleo urbano da Igreja.
A área natural do Pedregolhal, o belíssimo Vale do rio Caima (no fundo do vale de Ossela divisa-se a “igreja velha”, o Mosteiro, outrora presumível lugar de anacoretas contemplativos, em cuja parede se encontra uma curiosa lápide fúnebre), a paisagem salpicada pela vinha de enforcado e o Castro de Ossela (Imóvel de Interesse Público) merecem também uma observação atenta.
O artesanato mais relevante e característico desta terra foi o denominado “Barro Negro” trabalhado pelos “Pucareiros”, que teve os seus grandes mestres em Barbeito e Ossela. Infelizmente, os Pucareiros de Ossela desapareceram há já vários anos sem deixar continuadores.
Desempenharam também um papel importante a tecelagem e o linho, artes também já desaparecidas.
Sao Martinho da Gândara
S. Martinho da Gândara é uma freguesia onde a ruralidade persiste como o provam os núcleos rurais do Alto da Quintã, de Casal Dias e da Espinheira.
A escassez de documentos não permite saber quais as suas origens. Contudo, o documento mais antigo, datado de 964, apresenta S. Martinho da Gândara já constituída civil e religiosamente, com igreja própria e autónoma. Pertenceu à Comarca de Esgueira, passando, em seguida, para a da Feira e, finalmente, para o Município de Oliveira de Azeméis.
Povoado pré-histórico romanizado, S. Martinho da Gândara sobressai pelo seu Castro Recarei, já existente no século XI. Ainda que outros castros se apresentem nas imediações, como o de Ul e Vila Cova, em Madaíl, nenhum teve a importância do de S. Martinho, quer pela sua história, posição geográfica, quer pelos vestígios dos povos que, no decorrer dos tempos, por aqui passaram. Nele viveram celtas e pré-celtas e nele permaneceram por muito tempo, romanos e os visigodos com seu chefe Recaredo.
O padre Arede descreve este castro da seguinte forma: “...monte alto e arredondado e de difícil acesso. É sito no lugar chamado do Monte Castro, da dita freguesia de S. Martinho da Gandra. Tem vestígios de muros. Como se nota pela sua figuração e situação topográfica, mostra o mesmo ter sido uma aglutinação castrense, e ainda habitado em seus terrenos circunjacentes por algumas raças primitivas, e outras em sucessivos períodos históricos, como o certificam muitos objectos encontrados no referido sítio.”
O próprio topónimo define a morfologia do terreno arável, no qual assenta a freguesia. De facto, terá sido a existência aqui de várias gandras e de outras à volta, que levou o povo a denominar a freguesia de "Gandra".
Mas, segundo parece, a freguesia de S. Martinho nem sempre se chamou “Gandra”. Na obra “Portugaliae Monumenta Historica”, vem uma escritura de 1002, na qual um certo Ariano doa ao Mosteiro de Lorvão várias propriedades em S. Vicente de Pereira e S. Martinho da Maçada (Martini de Mazada) com suas casas, passais e igrejas. Isto demonstra que, nesta altura, a freguesia se chamava “ de Maçada”, nome de lugar ainda hoje existente e, outrora, de grande importância. A partir desta data, todos os documentos escritos são unânimes na denominação de “Gandra”.
De referir que, em Porto de Carro, um lugar da freguesia, possuía o rei D. Dinis um reguengo doado em 1346 a Pero Pais e a todos os seus sucessores a título de aforamento.
A Igreja Matriz, a Capela de S. Lázaro, situada no lugar de Pardieiro, a Quinta do Troncal, o Largo e a Escola do Pardieiro são exemplos do património cultural e edificado que merecem um especial destaque.
Relativamente à construção da igreja nova, em substituição da antiga, da qual já não resta o menor indício da sua existência, existe uma narração que diz o seguinte: "Narra a tradição que tudo se preparava para edificar o novo templo em lugar mais central, em Serrazina, quando se fez sentir a malévola influência dum lojista do lugar da Igreja e de seus camaradas que gastavam mais vinho que religião. Esse homem, ludibriando o povo e seus representantes, com alguns copos do verde regional, levou os carreteiros da pedra para o novo templo a usarem carros de eixo velho, para que partissem numa balcada junto à antiga igreja. Reza a tradição que isto, de facto, assim aconteceu. E o mau homem inventou a história de que era o santo padroeiro, S. Martinho, que não queria que mudassem a igreja para o lugar de Serrazina." (José Leite).
Verdadeiro ou falso, o facto é que a nova igreja foi construída no mesmo lugar e um pouco a nordeste da antiga.
Travanca
Travanca é uma freguesia atravessada pela EN1, entre Macinhata da Seixa e Pinheiro da Bemposta, na margem esquerda do rio Antuã.
S. Martinho de Travanca aparece citada num documento de 1104, numa doação ao Mosteiro de Grijó, feita pelos filhos de Soeiro Fromarigues, padroeiro daquele mosteiro. Desde essa data, passou a figurar como priorado de apresentação e padroado de Grijó, cujos priores, com cultura universitária e poderes notariais, influenciaram profundamente a vida económica e social da freguesia e das freguesias vizinhas.
O topónimo Travanca relaciona-se com a natureza do terreno e função da maioria dos seus moradores que, nos conturbados tempos da Idade Média, exerceram aqui o trabalho de sentinelas e de controlo de mercadorias das Terras de Santa Maria para o sul e vice-versa.
No século XIII viveu em Travanca uma família que instituiu aqui a honra de Baesteyros (Besteiros), que igualmente possuía propriedades no lugar de Damonde, no qual estavam também incluídos lugares da freguesia vizinha de Palmaz. Esta honra durou até ao século XVI, com o título de Quinta, Aio Foral de Angeja e dos seus anexos.
Os rios e os ribeiros desta freguesia foram coutadas dos Condes da Feira, dos quais era a mesma freguesia, e assim permaneceram até 1700, data da extinção deste condado, passando depois para a Casa do Infantado que durou até 1834.
Travanca dependeu da diocese de Coimbra, foi do julgado de Figueiredo e comarca de Estarreja, quando integrava o Município da Bemposta, mas como desaparecimento deste, em 1855, passou a fazer parte do Município de Oliveira de Azeméis.
Sob o aspecto artístico tem que destacar-se a Capela do Espírito Santo, a qual conserva o retábulo antigo do Sacramento, em pedra ançã, obra notável da primeira época do escultor João de Ruão; a Capela de Nossa Senhora das Flores, situada no alto de um monte, que nos oferece uma panorâmica única, avistando-se a ria e até o mar; a Casa da Malaposta; a Casa Solarenga de Besteiros e a Igreja Paroquial, de carácter rural que domina a estrada nacional.
S. Roque
S. Roque orgulha-se de ter sido a primeira terra a fabricar vidro em Portugal, na Quinta do Côvo. De facto, por ter nascido aqui, no século XV, a unidade industrial vidreira mais importante do País - a Fábrica do Côvo - foi designada como "Raínha do Vidro em Portugal".
O usual designativo da freguesia até ao século XVII foi o de Vila Chã Serrana (ou Serrã), eclesiasticamente o de S. Pedro de Vila Chã, dado que era, por um lado, uma região relativamente plana, e por outro, aproximava-se das linhas de alturas do nascente do Município.
O designativo São Roque surge como definitivo da difusão do culto deste santo pela Segunda metade do século XVI, época em que foi trazida para a igreja uma imagem e instituída uma irmandade.
Vila Chã S. Roque é referenciada, inicialmente, num documento de 1121, através da doação a D. Diogo Salamil pelo bispo de Coimbra D. Gonçalo, passando mais tarde para o Cabido do Porto, em cujo padroado se manteve a sua velha igreja de S. Roque.
O nome de Vila Chã surge novamente em 1211, numa carta de venda, feita por um tal Gonçalo Gonçalves e Urraca Martins ao Cabido da Sé do Porto e ao seu deão, Durando, de uma herdade sita nesta freguesia e na de Olivar (antiga Oliveira de Azeméis), pela quantia de 300 maravedis.
Segundo as Inquisições Afonsinas, em Vila Chã, o rei não possuía terra alguma e apenas cobrava o imposto de nove quartos de talhamento do pão. Mais tarde, em 1288, por novas Inquirições ordenadas por D. Dinis, averiguou-se que havia, desde tempos imemoriais, uma quinta privilegiada, no lugar de Vila Chã, pertença de Fernando Gonçalves, senhor da freguesia.
Não entrava nela o mordomo, antigo oficial de justiça encarregado de citações e execuções e pagava-se por dois casais no lugar de Samil (Saamir), três soldos e por toda esta honra, terra privilegiada, como já se dizia nas Inquirições de 1251, nove quartos de pão.
S. Roque aproveita também do foral concedido por D. Manuel I à vila da Feira e Terra de Santa Maria.
Na Idade Média, ergueu-se aqui um curioso castelo, chamado da Lomba, e que teve assento o solar da família Castro e Lemos, na vasta quinta do Côvo, tendo capela privativa, hospedaria para visitantes ilustres e uma grande coutada para caçadas anuais ao coelho e ao javali.
A Quinta tem a forma de um polígono quase regular, sendo atravessada pelo rio Antuã e pela estrada que liga as cidades de Oliveira de Azeméis e Vale de Cambra. Da casa primitiva pouco resta, devido às grandes alterações que sofreu ao longo dos tempos.
A casa actual constitui uma das mais importantes vivendas de província, verdadeira residência senhorial. O edifício para habitação, com 40 divisões, foi reedificado em 1850, e conjuntamente com as antigas fábricas de vidro, forma uma povoação.
A capela privativa, dedicada a Nossa Senhora da Conceição, de linhas barrocas, foi mandada erigir pelo pai do Conde do Côvo, em 1862. Em princípios do século XX, a laboração de vidro que ali existiu durante quatro séculos consecutivos, foi definitivamente parada, dando-se novo destino às construções industriais, adaptando-as às explorações pecuária e agrícola.
Nesta quinta passou Eça de Queirós tempo suficiente para colher motivos para alguns dos seus livros, como por exemplo, "A Capital" e "A ilustre Casa de Ramires".
Actualmente, a Quinta do Côvo dispõe de cerca de 500 hectares de área, 50 Km de caminho para passeios equestres, uma escola de equitação e uma espécie de hotel para cavalos.
Para além da famosa Quinta do Côvo, merecem ainda destaque a Igreja Paroquial, de S. Pedro, cujo edifício anterior teria sido acabado em 1590 ou 91, sendo o actual da fase de transição seis-setecentista; a Capela de Santo António, sita em Bustelo, um edifício inteiramente renovado em 1881, existindo, em frente, um cruzeiro com a mesma data; a Capela de Samir, uma capela isolada e dependente duma casa lateral (1885), inspirada nos temas tradicionais, mas obra de construtor regional.